sexta-feira, junho 18, 2010

Fernão Lopes, Oliveira Martins, José Mattoso... Moita Flores

Temos tido oportunidade, de tempos a tempos, de ser bafejados pela produção literario-televisiva de Francisco Moita Flores. É que além de ex-inspector da Polícia Judiciária e actual edil da câmara municipal de Santarém, até frequente comentador de crimes sobre "pequenas" (pequena Joana, pequena Maddie, etc), Moita Flores é também um interessado pela História.
Pela mão da RTP (bendito serviço público) trouxe-nos os conhecidos casos Ballet Rose, as estórias de Alves dos Reis, d'A Ferreirinha e o Processo dos Távoras. Todos episódios ou personagens da história de Portugal sobre os quais, sabe-se lá por quê - talvez por proporcionarem ardentes cenas de alcova - entendeu dar asas à criação. O título mais recente dado à estampa é Mataram o Sidónio!, com direito a spot de TV e tudo.
Moita Flores, pode dizer-se com justiça, dá razão de ser à categoria literária "Romance Histórico", pela sua apetência por alegadamente investigar e depois escolher ficcionar sobre as suas investigações. Daqui não resultaria qualquer mal, não fosse a enorme iliteracia reinante. O que se vai passar com mais este livro do ex-PJ é que, novamente a pretexto de se dar a conhecer um período conturbado, polémico e blá-blá-blá da república, nos escaparates das livrarias vai ficar exposto romance "de amor e morte" e não os factos da História.
Se não tivermos cuidado, um dia destes são os livros de estórias de Moita Flores a ser leccionados nas escolas em vez das obras de Fernão Lopes, Oliveira Martins ou José Mattoso, apenas para citar alguns.
Já temos uma ministra da Educação ficcionista e modelos pedagógicos virtuais. Falta muito pouco para ficcionar tudo o resto.

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