terça-feira, junho 01, 2010

Desculpe, não percebi

Querem vencer-nos pelo desgaste.
Depois de Valter Lemos - essa grande autoridade que, qual salva-vidas legislativo, tão facilmente vigia a praia da Educação como a pasta do Trabalho e Solidariedade Social - vir fazer acrobacias com os últimos dados do Eurostat sobre desemprego, que bateu um recorde de 10,8% da população portuguesa activa, face aos 9,2% no mesmo período do ano passado...


... vem o primeiro-ministro emitir a suma opinião, à chegada a um périplo de importância vital a Marrocos, "desvalorizando" estes indicadores porque «teve um sinal (deve ter alguma amiga cartomante LGBT) que a situação podia melhorar e que a partir do Verão se deverá registar um "abrandamento" da subida do desemprego». Melhor, uma «inflexão no movimento de ascenção». Um sinal de onde? Do Além? Pode ser mais concreto, ter um nico de respeito pelo poveco que o elegeu?
Um sinal, esse sim, de que a persistência da trupe socratinesca em pintar um Portugal desenvolvido e moderno ameaça derrotar a nossa capacidade de resistência crítica é que a propaganda já nem recorre ao verbo "recuar", "reduzir" ou "diminuir" os 595 mil desempregados registados.
Não. Damo-nos por satisfeitos com o "abrandamento da subida".
Deixo uma sugestão a quem ainda acredita neste argumentário. Pegar na vuvuzela e fazer um movimento de inflexão.

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