terça-feira, junho 29, 2010

Sexo, Dinheiro e Poder

É o nome de uma conhecida série televisiva mas também o título de uma má novela portuguesa protagonizada pelo governo de José Sócrates, que nos acaba de trazer mais um episódio de cortar a respiração.

Sexo: Advogando que nada se deve opor à liberdade e à felicidade individual (eu-eu-eu), sob o signo da "modernidade" o primeiro-ministro impôs a Portugal a promulgação do casamento homossexual . Ora, se caminhamos para um Estado amoral, que vê como ultrapassados e retrógrados valores que têm vindo a sustentar as civilizações ocidentais ao longo de séculos - a UE já eliminou, na "constituição" (conhecida como Tratado de Lisboa) a matriz cristã que fundou as suas próprias raízes filosóficas - não se entende o moralismo de escrutinar, com carácter obrigatório, a orientação sexual no Censos de 2011.

Dinheiro: O princípio do "quem não deve, não teme", não pode ser argumento para tudo. E sobretudo não pode servir para um governo dito democrático enveredar pela via Orwelliana do Grande Irmão fiscal, que tudo observa porque todo o cidadão é um potencial infractor. Pior, servir para o Estado, seguindo um outro modelo Foucaultiano, "vigiar e punir" quem pode ser potencial fonte de receita para os cofres públicos.
O secretário de Estado dos Assuntos Fiscais,  Sérgio Vasques, toma-nos por parvos ao argumentar que «os bancos não serão obrigados a declarar os activos dos contribuintes mas apenas os rendimentos pagos e as retenções». Vejamos um raciocínio simples. Sabendo que a taxa liberatória (retenção na fonte) é de 20% para montantes aplicados numa instituição financeira há menos de cinco anos, conhecendo a remuneração média paga pelos bancos aos seus clientes nos dois últimos anos e os produtos comercializados (através do Banco de Portugal), facilmente a administração fiscal chega aos activos de que os contribuintes sejam titulares em qualquer banco a operar em solo nacional.

Poder: É aquilo que os portugueses continuam a entregar, de forma amorfa, enebriada e acrítica, ao primeiro-ministro e à sua trupe de boys ludibrio-malabaristas.

Ah, é verdade. Portugal vs Espanha às 19h30.

segunda-feira, junho 28, 2010

Censos 2011 pergunta qual a orientaçao sexual

Respondo já. A minha inclina-se para a direita.

«É obrigatório responder ao Censos, sendo a recusa punida com pagamento de coima entre 250 a 25 mil euros. O Censos ocorre de dez em dez anos. Em 2011, pela primeira vez, pode responder-se pela net.»

"Portugal é a uma hérnia estrangulada"

O candidato Fernando Nobre, em campanha para as presidenciais, terá comparado a situação de Portugal a uma hérnia estrangulada.
Na mesma linha de raciocínio, admitir sequer a hipótese de que o doutor Fernando Nobre viesse a ser eleito Presidente da República, seria submeter o país a uma lobotomia.

quinta-feira, junho 24, 2010

Lisboa, que fé professas?

Em pouco mais de dois meses a cidade de Lisboa viu utilizados muitos dos seus espaços publicitários (a custas de quem?) preenchidos com uma saudação ao Papa Bento XVI, aquando da sua visita a Portugal, e em agradecimento a José Saramago. Pela sua morte?...
Sendo o segundo um dos muitos detractores (adj. aquele detrai; difamador; maldizente) do primeiro, representante máximo da Igreja Católica no mundo, trata-se do mais recente exemplo da má estratégica de marketing adoptada pela equipa do presidente Costa. De uma parolice confrangedora, de quem se verga apenas e só aos títulos ostentados pelas figuras que passam pela capital, em vivos ou jazendo mortos.
Homenagem feita ao mensageiro, Santidade ou Nobel, e não à mensagem. Caim ou Deus é Amor? Evangelho segundo Jesus Cristo ou Caridade na Verdade?
Está à vista que a cartilha do Partido Socialista para Lisboa é um "manual de maus costumes".

sábado, junho 19, 2010

Obituário

Que dizer da morte de José Saramago?
Tem sido um mau ano para o PCP.

14 Maio - Saldanha Sanches
2 Junho - Rosa Coutinho
18 Junho - O ponto final do homem que não usava pontos finais.

sexta-feira, junho 18, 2010

Fernão Lopes, Oliveira Martins, José Mattoso... Moita Flores

Temos tido oportunidade, de tempos a tempos, de ser bafejados pela produção literario-televisiva de Francisco Moita Flores. É que além de ex-inspector da Polícia Judiciária e actual edil da câmara municipal de Santarém, até frequente comentador de crimes sobre "pequenas" (pequena Joana, pequena Maddie, etc), Moita Flores é também um interessado pela História.
Pela mão da RTP (bendito serviço público) trouxe-nos os conhecidos casos Ballet Rose, as estórias de Alves dos Reis, d'A Ferreirinha e o Processo dos Távoras. Todos episódios ou personagens da história de Portugal sobre os quais, sabe-se lá por quê - talvez por proporcionarem ardentes cenas de alcova - entendeu dar asas à criação. O título mais recente dado à estampa é Mataram o Sidónio!, com direito a spot de TV e tudo.
Moita Flores, pode dizer-se com justiça, dá razão de ser à categoria literária "Romance Histórico", pela sua apetência por alegadamente investigar e depois escolher ficcionar sobre as suas investigações. Daqui não resultaria qualquer mal, não fosse a enorme iliteracia reinante. O que se vai passar com mais este livro do ex-PJ é que, novamente a pretexto de se dar a conhecer um período conturbado, polémico e blá-blá-blá da república, nos escaparates das livrarias vai ficar exposto romance "de amor e morte" e não os factos da História.
Se não tivermos cuidado, um dia destes são os livros de estórias de Moita Flores a ser leccionados nas escolas em vez das obras de Fernão Lopes, Oliveira Martins ou José Mattoso, apenas para citar alguns.
Já temos uma ministra da Educação ficcionista e modelos pedagógicos virtuais. Falta muito pouco para ficcionar tudo o resto.

quarta-feira, junho 16, 2010

Portugal, a casa dos horrores


Esta espécie de parelha política PS/ PSD que lidera o bipolarismo (patológico) governativo nacional arrisca-se a uma justa comparação entre Portugal e Josef Fritzl.
Senão vejamos: o chamado "monstro" austríaco foi carrasco da filha durante 24 anos. Em Portugal, Cavaco Silva tornou-se, mais ou menos nessa altura, "pai do monstro" chamado défice das contas públicas. Mas os indícios não ficam por aqui. Tanto o psicopata como os... sucessivos líderes dos governos de Portugal e suas respectivas oposições souberam manter os segredos ocultos da sociedade durante mais de duas décadas, evidenciando comportamento manipulador, calculista e perverso, com grande capacidade de adaptação e de "arranjar desculpas para as coisas que foram acontecendo". Faz lembrar alguém muito próximo, não é?
E as mais recentes preocupações com a "credibilidade externa", as idas a Wall Street, as acções de charme em Bruxelas, são disto exemplo. À semelhança de Josef Fritz, Sócrates e Passos Coelho também não parecem importar-se com mentir, roubar e silenciar as suas vítimas, os seus eleitores, para que os vizinhos da Europa, a quem precisamos pedir dois ovos e um raminho de salsa, nos considerem gente séria e de bem. Ainda que no tango se mostrem belas pernas, o par é tudo menos recomendável.

segunda-feira, junho 14, 2010

Ficções do interlúdio

Se fosse Manuel Alegre presidente da República, o discurso da cerimónia militar no 10 de Junho, Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades, teria de ser feito a partir de uma cabine de som, em Argel.

Entretanto, António Guterres inicia esta terça-feira o seu segundo mandato como Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados. Vai-se entretendo nos próximos cinco anos até ter finalmente o caminho livre para Belém, com um eventual nobél da paz ao peito. Curioso que o único país do mundo de que Guterres fugiu ou se quis refugiar foi Portugal.
Imagina-se que os pântanos que encontra lá por fora não sejam tão assustadores que o levem a demitir-se desta vez.

domingo, junho 13, 2010

Arrufos de namorados

Passos Coelho admite que poderão vir a haver "consequências" se existir, no relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito, matéria que incrimine politicamente Sócrates no caso PT/TVI.

Pedro poderá não deixar José fazer-lhe "brincadeiras" no quarto escuro durante uma semana. Pelo menos.

sexta-feira, junho 04, 2010

As origens da espécie de Maçada

«Ah! vê-se bem que é novato! Que é virgem cá por estes lados! Um provinciano! É o que eu te digo! Com a terra agarrada às botas, de certeza! Quer mostrar-se diligente, a lástima! Que imaginação a dele! Nem se pode conter! Mas que imaginação! Ah! vai-lhe custar mais caro a ele do que a mim... porra! ora se vai...»

Louis-Ferdinand Céline, Morte a Crédito

Pergunta de algibeira

Se os alunos vão poder saltar do 8º para o 10º ano de escolaridade, com que base é que se faz a avaliação dos professores do 9º ano?

Pela suas capacidades como juízes de linha num torneio de ténis?

quinta-feira, junho 03, 2010

A retroactividade da mentira

Teixeira dos Santos, ministro das Finanças do XVIII Governo Constitucional justificou, no dia 2 de Junho de 2010, a legitimidade do roubo e da burla aos cidadãos contribuintes com o pretexto do "bem público" e do "carácter imprescindível e de emergência".
Em 22 de Maio, a mesma personagem impossível de classificar despachou e clarificou de seguida, para que não houvessem dúvidas: «as novas taxas de IRS só entram em vigor a partir de Junho e somente a partir de Junho». Mais: «No meu espírito nunca esteve outro período que não fosse Junho».
O (PM) Principal Mitómano do governo veio corroborar esta verdade. O princípio da retroactividade não se aplica e os senhores das finanças lá farão umas contas e uns cálculos de forma a que seja aplicada a taxa só no período de Junho a Dezembro. «Só fará sentido aplicá-la para a frente», como a areia nos nossos olhos aliás.
Nota 1: Não esquecer que Pedro Passos Coelho, a confiar nos acordos estabelecidos com o PS e não desmentidos, face à aprovação das medidas no Parlamento, sabia da construção do enredo até à revelação desta tarde e manteve-se fiel ao pacto diabólico. Só não se mantém fiel ao princípio da verdade.
Nota 2: Jorge Sampaio dissolveu o Parlamento por muito menos do que isto. À conta da conjuntura (vulgo Presidenciais) Cavaco Silva anda a fazer equilibrismos sem rede, sobre um barril de pólvora ao sol.

Dress code AR

Pode ser um assunto de somenos importância. Será concerteza um tema ignóbil perante os grandes desafios com que se defronta a Nação. Mas não tardará a hora de Jaime Gama, como "chefe de sala" da Assembleia da República, exigir alguma respeitabilidade a quem frequenta o plenário?
Passo a explicar. Se não falha a memória, quem inaugurou o estilo javardo no "dress code" dos deputados à AR foi o Bloco de Esquerda. Admitindo-se a ausência da gravata - esse ícone do capitalismo selvagem - a informalidade de alguns deputados do lado mais "sinistro" (leia-se no italiano) do Parlamento passou ao estado de quase vagabundismo. Alastrou ao PCP e ao PEV (ou Verdes). Entende-se, os trabalhos prosseguem mais tarde em Santos-o-Velho, mesmo ali em baixo, e no Bairro Alto, a umas centenas de metros.
Não me julguem snob ou betinho. Aqueles senhores têm o dever de credibilizar o que dizem perante o país. O tradicional fato completo ajuda? Ajuda. As avózinhas adoram um rapaz bem composto. Ponhamos a coisa em perguntas simples como: se um médico for andrajoso temos 100% de segurança no diagnóstico? Confiamos na capacidade do advogado em defender a nossa causa? Pomos o dinheiro nas mãos do bancário com ar de pedinte? A resposta é singela. Não.
Esta esquerda caviar está muito sardinha de escabeche.

terça-feira, junho 01, 2010

Mil milhões acima do baixo e oportunista

Centros de decisão nacionais, Brasil mercado estratégico, golden share, David contra Golias e até "tudo tem um preço menos a honra" (Ricardo Salgado, presidente BES, accionista PT). Expressões velhas de cinco dias. Ninguém as lembra, deixaram de contar no frenesi da parada a subir de tom.
Quem decide, na PT, são senhoras que andam na vida como quaisquer outras. Vendem o corpo exactamente da mesma maneira, convencidas de que a alma se mantém pura e sem mácula porque não se deixaram levar à primeira oferta.
A diferença entre estar numa paragem de autocarros ao lado do Técnico e sentada num confortável sofá do Elefante Branco é que o segundo género sabe "encaixar" melhor. No mínimo mil milhões de euros melhor.

Desculpe, não percebi

Querem vencer-nos pelo desgaste.
Depois de Valter Lemos - essa grande autoridade que, qual salva-vidas legislativo, tão facilmente vigia a praia da Educação como a pasta do Trabalho e Solidariedade Social - vir fazer acrobacias com os últimos dados do Eurostat sobre desemprego, que bateu um recorde de 10,8% da população portuguesa activa, face aos 9,2% no mesmo período do ano passado...


... vem o primeiro-ministro emitir a suma opinião, à chegada a um périplo de importância vital a Marrocos, "desvalorizando" estes indicadores porque «teve um sinal (deve ter alguma amiga cartomante LGBT) que a situação podia melhorar e que a partir do Verão se deverá registar um "abrandamento" da subida do desemprego». Melhor, uma «inflexão no movimento de ascenção». Um sinal de onde? Do Além? Pode ser mais concreto, ter um nico de respeito pelo poveco que o elegeu?
Um sinal, esse sim, de que a persistência da trupe socratinesca em pintar um Portugal desenvolvido e moderno ameaça derrotar a nossa capacidade de resistência crítica é que a propaganda já nem recorre ao verbo "recuar", "reduzir" ou "diminuir" os 595 mil desempregados registados.
Não. Damo-nos por satisfeitos com o "abrandamento da subida".
Deixo uma sugestão a quem ainda acredita neste argumentário. Pegar na vuvuzela e fazer um movimento de inflexão.