quinta-feira, novembro 11, 2010

O abcesso

O estado do sítio assemelha-se, a cada dia que passa, a um abcesso à beira da ruptura. E só há dois cenários possíveis. Somos lancetados a sangue frio, sem direito a anestesia, por uma enfermeira de sotaque franco-belga-germânico, ou deixamos que a infecção interna do socialismo socretino alastre, até haver pus por todo o lado.
Em qualquer das hipóteses a consequência é a mesma. Vamos levar com isto em cheio na boca.

segunda-feira, novembro 08, 2010

O segredo dos chineses

 Diz-se, por piada, que o fazem contra o vento. E nós gostamos de levar com o vento da China, tanto que suplicamos por ele. À medida que caminhamos perigosamente para o abismo, e esgotados os malabarismos politiqueiros de pseudo-acordos para dar uma ilusão de governabilidade aos mercados, a China parece o negócio da vida (presa por um fio) destes chamados líderes e , banqueiros e empresários.

A China, que tem uma política de expansão agressiva e de colonialismo económico sobre economias emergentes e mesmo consolidadas, dando por exemplo Angola e os próprios Estados Unidos, onde já detém fatias de leão no comércio e construção, estende agora "generosamente" a mão a Portugal. Não para ser apertada, mas para ser beijada, bajulada.

Mas nós vamos lá, fazemos fila, como na sopa dos pobres. Não há ninguém que explique ao engenheiro de fim-de-semana que duplicar as relações comerciais com a China é um atentado à soberania económica do país, se não hoje, a prazo e para as futuras gerações? Que mais lojas de produtos chineses não devem existir porque dão cabo das empresas portuguesas? Que produzir na China é tirar postos de trabalho a cidadãos portugueses?

Durão Barroso, o ex-maoísta do MRPP, é que nunca imaginou que este sonho iria tornar-se realidade. Deve estar amarelo - mas de inveja - por não ser agora PM e estar lado a lado com Hu Jintao no Palácio de São Bento.

sexta-feira, novembro 05, 2010

Roma começa a arder

... e o "Nero" Sócrates caminha a direito para o meio da fogueira, empurrado pelo próprio partido que começa a antever a destruição da cidade caso o tirano louco não seja derrubado do poder.
Nem a propósito, a capa de sexta-feira do Jornal de Negócios, é uma entrevista da Anabela Mota Ribeiro ao "histórico" do Partido Socialista, Henrique Neto.

AMR: Porque é que tem pó ao Sócrates?
HN: Uma vez, fui a um debate em Peniche, conhecia o Sócrates de vista. Isto antes do governo Guterres. Não sabia muito de ambiente, mas tinha lido umas coisas, tinha formado a minha opinião. O Sócrates começou a falar e pensei: "Este gajo não percebe nada disto". Mas ele falava com aquela propriedade com que ainda hoje fala, sobre aquilo de que não sabe [riso]. Eu, que nunca tinha ouvido o homem falar, pensei: "Este gajo é um aldrabão, é um vendedor de automóveis". Ainda hoje lhe chamo vendedor de automóveis.

AMR: Nos últimos tempos, a sua voz é das mais críticas no PS, e o desdém com que fala dele faz-me perguntar se a questão tem uma raiz emocional.
HN: Faço uma explicação: gosto muito de Portugal - se tiver uma paixão é Portugal - e não gosto de ninguém que dê cabo dele. O Sócrates está no topo da pirâmide dos que dão cabo disto. Entre o mal que faz e o bem que faz, com o Sócrates, a relação é desastrada.

AMR: Tem essa veia verrinosa, gosta de apontar o que está mal feito?
HN: (...)
Estudei um pouco da história portuguesa, nomeadamente dos Descobrimentos; fizemos erros absurdos. Um dos erros é deixarmo-nos enganar, ou pelos interesses, ou pela burrice. O poder, os interesses e a burrice é explosivo. Descambámos no Sócrates, que tem exactamente estas três qualidades, ou defeitos: autoridade, poder, ignorância. E fala mentira.

AMR: Apesar da discordância, continua ligado ao PS.
HN: (...)
José Sócrates, na última Comissão Política do PS, defendeu a necessidade das severas medidas assumidas pelo Governo, mas também disse que era muito difícil cortar na despesa do Estado porque a base de apoio do PS está na Administração Pública. Disse-o lá, e pediu para isso a compreensão dos presentes. Não tenho nada contra José Sócrates. Se ele se limitasse a ser um vendedor de automóveis, ser-me-ia indiferente. Mas ele é o primeiro-ministro e está a dar cabo do meu país. Não é o único, mas é o mais importante de todos.

Nada que já não fosse do conhecimento geral. Mas dito por um membro da família política tem outro élan, outra graça. O auge virá apenas quando finalmente arder na pira que alimentou.

quinta-feira, novembro 04, 2010