quinta-feira, abril 27, 2006

No malhar é que está o ganho

Começo o dia bem disposto até que abro o Público e leio a crónica do Pacheco Pereira "Quem paga a crise?". Assim não há ânimo que valha, caramba! Citam-se os relatórios da OCDE e do Banco Mundial e conclui-se que estamos pior, que o défice é superior ao previsto, que os tempos serão ainda mais difíceis, que que que. Os resultados são maus e o dito cronista faz questão de malhar no governo de José Sócrates.
Quem me conhece sabe que não sou propriamente fã deste político sexy, nem tão pouco desta suposta ala esquerda do Parlamento. Aliás, nem desta nem de outras. Mas o facto que me enerva é que passou um ano desde que este Executivo assumiu funções. Um ano! Ninguém consegue fazer nada deste país num ano! O que é que passa pela cabeça de um tipo como o Pacheco Pereira quando se aproxima a data de escrever a sua crónica semanal? "Deixa ver, hmm, vou falar de medidas interessantes a aplicar ao nível dos incentivos à produtividade? Não, vou antes mandar uns bons bitaites acerca da forma como os portugueses devem assumir um compromisso com o país, no sentido de estimular a economia, provando como o Estado pode criar formas de premiar os que têm melhores desempenhos? Também não. Olha, já estou a ficar com uma dor de cabeça dos diabos, é mais fácil olhar para os acontecimentos dos últimos dias e atirar tudo contra o Governo. Eu só tenho de descarregar a minha bílis e os gajos que se justifiquem, e é se quiserem!"
Amigo, camarada, palhaço, é óbvio que quaisquer medidas (boas ou más, depende do critério e do quão fundo está entranhada a partidocracite) levam tempo a surtir efeito, até que se notem mudanças nos números, nos indicadores, nos défices mas, sobretudo, nas mentalidades de quem os vê, de quem os analisa e de quem os vive, no dia a dia.
Os erros cometidos por José Sócrates todos nós podemos apontar, todos os tiros no pé, todos os ditos por não dito, todas as "inverdades". É fácil, basta ligar a TV, ler os jornais, assistir à apresentação pública dos "grandes projectos estruturantes". Eu sei fazer isso, toda a gente sabe. É até o que sabemos fazer melhor, sentados na esplanada com os amigos a beber um café. O que pouca gente sabe (e parece claro que Pacheco Pereira não quer entrar neste pequeno grupo) é apontar a si próprio como bode expiatório da nulidade que este país produz (ou deixa de produzir) diariamente.

sexta-feira, abril 21, 2006

Vergonha das vergonhas

Passaram ontem 500 anos do assassínio de cerca de 4 mil judeus em Lisboa, pela altura da Páscoa. Da comunidade católica, cristã, nem uma palavra. E na chamada sociedade civil, muito poucas, sem expressão.
Vergonhoso!

quarta-feira, abril 19, 2006

segunda-feira, abril 10, 2006

"Tá gente...!"

Há uma dúvida que me assalta quando vou a uma casa de banho pública e preciso mesmo de ir àqueles compartimentos fechados. Se a porta está fechada, normalmente bato. Do outro lado respondem: "Tá gente!" O primeiro problema coloca-se aqui (além do facto de a necessidade agudizar)... Quando respondem que "está gente", será que pressupõe mais do que uma pessoa? Se sim, que raio estará um grupo - já que um grupo é correspondente a dois ou mais indivíduos - a fazer num espaço tão exíguo? Ainda se se tratasse de um WC de mulheres, já se sabe do costume de irem acompanhadas. Não, não é um comentário machista, trata-se da constatação de uma realidade, a tratar num futuro post.

E se não, se de facto se encontra apenas um tipo, só, por que diz que "está gente", em vez de "estou cá eu"? Quando se utiliza a primeira fórmula, seja quem for que está a ocupar o compartimento, fala como se estivesse cá fora a responder a si próprio... Ou melhor, nega a sua individualidade. Compreende-se que a posição de sentado na sanita não seja propriamente uma imagem que dignifique ninguém, mas não parece justo chegar a este extremo!

Há também os que tossem, como que se escusando a verbalizar qualquer palavra, evitando o risco de ser reconhecido mais tarde quando regressa à sala do restaurante, ou do bar, ou da discoteca. Deste lado: "toc toc". Do outro: "cof cof". É verdade que o acto de tossir contrai os músculos abdominais e pode ajudar, assim, a desempenhar - ou desempanar - melhor a função para se despachar mais depressa...

Depois há os que não dizem nada. "Está alguém?" Resposta: "..................". "Com licença?!" Resposta: "............." Depois de muito forçar a porta para perceber se ficou inexplicavelmente trancada, por dentro, lá ouvimos um punzito ou o desenrolar do papel higiénico e percebemos, de facto, que "está gente". Se bem que por vezes não se compreende como é que "gente" faz ruídos daqueles, mas enfim.

Por fim, os que, enquadrando-se em qualquer dos exemplos dados acima, teimam em não sair da retrete até perceberem que ninguém os vê, ninguém os ouve. Um verdadeiro acto de espionagem. Entram e saem sem que se dê conta do que lá foram fazer, um desprezível cocó!

Para breve prometo focar o tópico casas de banho públicas, na óptica da infra-estrutura pré e pós utilização, o que dará concerteza muito que escrever. Grato pela atenção e, se me dão licença, depois disto só posso puxar o autoclismo.