sexta-feira, outubro 28, 2011

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«Todos os que temos, pela inteligência, pela voz do sangue ou simplesmente pelo instinto do coração, a consciência da nossa unidade e independência, da nossa grandeza passada, da nossa colaboração na obra civilizadora da Europa, sentimos - ferida aberta na alma - o riso mundial, a troça de povos em nada superiores a nós, a não ser na sua linha exterior, por causa da nossa incapacidade governativa, das nossas irregularidades de administração, do nosso atraso e do nosso descrédito.
«Temos sido, numa palavra, enxovalhados e vexados. Ora há portugueses suficientemente orgulhosos da sua qualidade de portugueses para sentirem isso como afronta pessoal e para, chegada a ocasião, tirarem do seu orgulho ferido a paciência, a tenacidade, a força necessária para procurar implantar no País a ordem e a boa administração, fomentar o progresso material, revolucionar a educação e dar à Nação e à sua política um tal aprumo e dignidade que possam reconquistar para Portugal o bom nome e o respeito de todos. 
«Esses portugueses sabem que, sem exageros, sem agressividade, sem declarar quixotescamente guerra ao mundo, os países, como os indivíduos, podem pelo seu trabalho e pelas suas virtudes, ter direito os pobres a estar diante dos ricos, os pequenos diante dos grandes, de pé, de cabeça levantada e até de chapéu na cabeça
AOS

terça-feira, outubro 18, 2011

Que fazer do Estado-a-que-chegámos

«Um país, um povo que tiverem a coragem de ser pobres, serão invencíveis»
(...)
«A unidade nacional alicerçada na antiga fidelidade e convivência dos povos espalhados pelas várias províncias de Portugal é a base indispensável - a única verdadeiramente eficiente - da nossa defesa. A consciência dessa unidade há-de ser o mais forte escudo contra a acção das propagandas externas, mas não constitui só por si toda a defesa. Esta temos de organizá-la nos planos correspondentes à multiplicidade de métodos usados contra nós.
Entretanto, temos de continuar a nossa vida, executar os nossos programas, promover os nossos empreendimentos, tão firmemente, tão serenamente como se não fosse já escândalo para o mundo a pretensão de continuarmos a defender o que muitos vêem ameaçado e alguns julgam mesmo perdido, na esteira de acontecimentos recentes que, aliás, se processaram em linhas muito diversas.
Não vejo que possa haver descanso para o nosso trabalho nem outra preocupação que a de segurar com uma das mãos a charrua e com outra a espada, como durante séculos usaram os nossos maiores. Esta nova tarefa, cujo peso nem sequer podemos avaliar, é desafio lançado à geração presente e vai ser uma das maiores provas da nossa História. É preciso ter o espírito preparado para ela; exigirá de nós grandes sacrifícios, a mais absoluta dedicação e, se necessário, também o sangue das nossas veias. Esta é a nossa sina, isto é, a missão da nossa vida, que não se há-de amaldiçoar mas bendizer pela sua elevação e nobreza
AOS

Uma dica, estes não são discursos proferidos pelo PM, Passos Coelho nem pelo ministro das Finanças, Vítor Gaspar.