quarta-feira, janeiro 18, 2006

Voluntariosos ou desastrosos?

Vivemos um tempo em que críticos, analistas políticos, colunistas e opinadores se degladiam para ver quem consegue fazer verter mais sangue no inimigo, que todos partilham e ninguém conhece. Ora, deixem o país respirar, mesmo que o cheiro agridoce da podridão democrática!
Todos os dias perdemos um pouco mais do nosso fôlego para superar o dia de amanhã, para conviver (não podendo já acreditar) com quem nos representa nos cargos que decidem a nossa vida, a nossa identidade. Porquê? Porque 365 dias por ano, nas páginas dos jornais, nas quadraturas dos círculos e nos pseudo-debates temos necrófagos e mercenários, oportunistas e assassinos de carácter que se deleitam em minar as cabecinhas dos portugueses com intenções imaginárias do candidato economista, pretensões megalómanas do reverendíssimo octagenário e divagações sebastiânicas do poeta fingidor. Só acrescentam ruído e alimentam a obesidade mórbida do seu ego.

Mais desprezível do que o abutre, é a hiena que se alimenta da sua carcaça... e ri, durante o festim

quarta-feira, janeiro 04, 2006

Ameaças à saúde... no hospital (2)

Os temas da actualidade suscitam sempre reacções... Escolhi este comentário porque é para levar a sério, não é como os meus

"Não poderia deixar de comentar e de impelir a minha humilde visão sobre um tema tão melindroso e preocupante, como acontece com as "ameaças fantasma". No caso, a ameaça feita ao senhor Adalberto é algo de intrigante e, digo mais, do Além (não querendo faltar ao respeito pelos demais). Afinal, qual a razão desta intimidação, de tamanho afoito e ousadia para com o Adalberto?! E, perdoem-me a ignorância ou falta de actualidade, Correia de Campos deixou a pasta de ministro para se dedicar à defesa do “pobres e oprimidos”?!
Será que não existem instâncias próprias onde o pessoal possa “bufar” os telefonemas ameaçadores, mesmo que sejam fruto do nosso imaginário?! Temo, muito seriamente, que estejamos a atravessar uma crise existencial, de troca de papeis ou funções. Diria mais, que estamos a atravessar uma crise de total ausência de atenção, afecto e carinho. Oh meus amigos, quem é que se dá ao trabalho de ameaçar um director hospitalar chamado Adalberto?! Hum.... eu cá não sou de intrigas, mas que aqui algo está desfocado, ai isso está. Cá para mim a graduação do Correia de Campos está ultrapassada. Não sou de adivinhações, mas a minha bola de cristal diz-me que o senhor ministro deturpou a leitura de um relatório enviado pelo Adalberto, insurgindo-se, erradamente, com a estória da ameaça. Provavelmente esta foi uma frustrada manobra para este ministério se esquivar, nem que por meras horas ou dias, à resolução de alguns, muitos, problemas que aquele hospital atravessa. Desde logo, a resolução das infindáveis listas de espera para cirurgia, a deficiente capacidade de resposta no tratamento de determinadas patologias, em especialidades tão prementes como é a psiquiatria, a falta de infra-estruturais dignas e capazes de responder às necessidades dos profissionais e dos utentes que àquele hospital ocorrem....
Coloco um ponto final nesta dissertação deslindando a ameaça do Adalberto que não é mais que a ameaça de todos nós!"

Ameaças à saúde... no hospital!

Deliciosa a notícia do Público sobre as ameaças "à vida e integridade física do administrador do Hospital de Santa Maria". Ora se não é o local mais inteligente para fazer ameaças à saúde de alguém! É um hospital português carambas! Os tipos que andam a tentar tramar a vida ao homem sabem perfeitamente que as probabilidades de sucesso são próximas dos 98%. As vantagens são inúmeras: com a velocidade a que sse diminuem as listas de espera, uma cirurgia iria demorar no mínimo 2 anos a ser agendada (sem contar com as consultas de pré-operatório); o administrador acabaria por esvair-se em sangue antes que lhe entregassem a tal vinheta azul, ou amarela ou lá o que é, para ter prioridade nas urgências; além de que, com as greves da função pública que tem havido por aí, com sorte não haveria médicos para o atender no dia em que se concretizasse o atentado. Quando a notícia diz que as ameaças se estendem à família do senhor, imagina-se o massacre... E que família? A mulher e os filhos? A avó que vive num quarto anexo, com uma portinhola por onde lhe passam a tigela com as papas de aveia? Os primos, tios, sobrinhos, afilhados, antigas namoradas? O ministro Correia de Campos, que alertou a comunicação social para este perigo, disse já que foram adoptadas medidas de segurança pessoal. Ficamos todos mais descansados, e fica o senhor administrador. Concerteza andará sempre acompanhado de senhoras auxiliares de saúde, com bigode de preferência, munidas de seringas usadas por toxicodependentes em tratamento de metadona. Nesta altura todos estão solidários com o administrador do Santa Maria. Excepto quando se revela que o responsável hospitalar se chama Adalberto! Pronto, está tudo dito! Não se trata de haver interesses ilícitos ou de o Santa Maria passar a entidade pública empresarial. Adalberto é que não pode ser!

terça-feira, janeiro 03, 2006

Broken flowers

1. Fui ontem ver o filme realizado por Jim Jarmusch. "Flores Partidas" não é fácil de digerir para quem está habituado àquele tipo de cinema americano em que a acção atropela os diálogos e os diálogos são tão desprovidos de sentido como a bibliografia da Margarida Rebelo Pinto. Não que o estilo "action movie" seja mau. Não. Mas, neste caso, tem de se esperar outra coisa. Este argumento e, sobretudo, esta prestação de Bill Murray serve para realçar o tédio de uma vida "mal resolvida", em que o encontro com o passado só traz desencanto e desilusão pelas coisas que não se fizeram ou fizeram mal, pelo que ficou por dizer ou se disse de forma excessiva. Faz lembrar um bocadinho as "Confissões de Schmidt", com Jack Nicholson. As flores partidas não têm remédio, perdem o encanto. Tal como algumas memórias de pessoas e momentos que deixamos secar, morrer no vaso até se tornarem uma imagem diametralmente oposta àquela que desejámos, pela qual nos deixámos encantar ou apaixonar.

Fernando Pessoa também explorou bem esta ideia:

“Sempre pensei que as amizades continuassem para sempre
Hoje não tenho mais tanta certeza disso. Em breve cada um vai para seu lado, seja pelo destino ou por algum desentendimento, segue a sua vida.

(…)

Um dia os nossos filhos verão as nossas fotografias e perguntarão:
"Quem são aquelas pessoas?"
Diremos...que eram nossos amigos e...... isso vai doer tanto!
(…)
A saudade vai apertar bem dentro do peito.
Vai dar vontade de ligar, ouvir aquelas vozes novamente.....
(
)

Por isso, fica aqui um pedido deste humilde amigo: não deixes que a vida passe em branco, e que pequenas adversidades sejam a causa de grandes tempestades.....”

2.Normalmente os blogs têm links para outros blogs que gostamos de ler. O problema é que os links são elementos passivos numa página em que o blogger tem oportunidade de dizer "coisas". Desta vez aproveito para destacar Pecados e Ilusões, de um grande amigo que diz a vida como ela é, no seu aspecto mais puro (as ilusões) e mais perverso (os pecados). A visitar!