sábado, maio 29, 2010

Freud também explica a golden share

Dispense-se a Comissão de Inquérito ao negócio PT/TVI! Arrumem-se as traquitanas e mandem-se as senhoras e senhores deputados para casa. Feche-se também o dr. Mota Amaral numa embalagem em vácuo e conserve-se bem para, de futuro, se fazer respeitar a Constituição em situações que possam revelar-se atentatos velados ao Estado de Direito.
A propósito da eventual OPA da espanhola Telefónica sobre a PT, o primeiro-ministro veio puxar dos galões e acenar com a "golden share" que o Estado tem na Portugal Telecom. "Para Portugal, a PT é uma empresa estratégica. É por isso aliás que temos uma 'golden share'. É para nós estratégica se for uma empresa grande, se tiver uma ambição de participar naquilo que é a economia global, de estar presente em vários continentes, como está a PT. (...) Nós queremos uma PT grande, uma PT com escala".
Ora, se isto não é um autêntico deslize freudiano, não sei o que será. Deixemos de lado as respostas (escritas com a ajuda dos spin doctors de serviço) às 80 perguntas da comissão. Na folha em branco, José Sócrates sabe bem afirmar uma coisa e o seu contrário, sem mentir. Atenção, sem nunca mentir.
Já a quente, sem as "fichas" preparadas, resvala-lhe o pé para o chinelo, como acaba de acontecer, admitindo que o governo está, como tem de estar, por dentro das negociações existentes na PT por ter a tal golden share que, por ironia, vai ser impedido de usar por Bruxelas por violar a legislação comunitária.
Em 24 de Junho de 2009, o PM afirmava com a veemência que lhe é característica, que "o Estado não se mete nesses negócios", da participação da PT na TVI, apesar da bem conhecida vontade de calar uma linha editorial oposta aos interesses do Partido Socialista.
Também recebeu uma SMS de Vara confirmando a saída da "Manela", "não digas nada", mas não mentiu. Não mentiu.
Bem, de facto diz a sabedoria popular que uma mentira dita muitas vezes pode tornar-se uma verdade. Pelo menos na cabeça de quem a profere.

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