terça-feira, fevereiro 07, 2006

Quem é que deturpa o Islão, afinal?

Com as violentas reacções à publicação dos cartoons satirizando (supostamente) a figura do Profeta Maomé no diário dinamarquês Jylland-Posten, através do incêndio de embaixadas e agressões sobre cidadãos ocidentais, os radicais islâmicos só dão motivos para que a sátira e o cepticismo de uma Europa que separa a Igreja do Estado não fique por aqui.
Seria impensável um cristão reagir com vingança. Dá que pensar, a interpretação que as culturas têm vindo a fazer sobre o amor de Deus, qualquer que seja o nome que Lhe dão.

Dar a outra face não está, definitivamente, na ordem do dia...

6 comentários:

Katharina disse...

Percebo o que queres dizer, mas não acredito que alguma religião promova a violência. Elas podem diferir em muitos aspectos, mas não creio que a paz (ou falta dela) seja um deles!
Estes casos de violência são, como tu próprio o dizes, obra de "radicais islâmicos" - obra do fanatismo! Gente louca ou doente que não conhece Deus, mas que diz matar em nome d'Ele!
Também a religião católica foi (e é) condenada pelos actos provocados por mentes insanas... Gente que se auto-intitulava de Cristãos!... Também se matou em nome do Cristianismo.
Infelizmente, muitas pessoas não distinguem a diferença entre amar Deus e defender a sua 'religiãozinha'.
Estive demasiado tempo 'do lado de lá' e sei como é fácil culpar a religião pelos actos daqueles que se dizem crentes... Dementes que eventualmente procuraram Deus como nós. O que falhou?! Talvez se tenham perdido no caminho, esquecendo o essencial: que Deus não precisa ser defendido apenas 'vivido', e que essa é a melhor forma de o louvar!
Talvez tenhamos sorte por pudermos crescer em liberdade, longe de sistemas (um pouco menos) opressores e por isso termos a oportunidade de pensar livremente...

Neves dos Santos disse...

Também se matou em nome do cristianismo, é verdade. E ainda hoje se mata em nome do chamado Ocidente, fundado nos valores desse mesmo cristianismo. Que exemplo mais berrante do que a nova Cruzada no Iraque e a proclamada luta contra o terrorismo. Qual terrorismo, pergunto eu. Ele existe, mas será que é esse o objectivo das nações sedentas de petróleo e poder?
Não culpo a religião nem as pessoas que a vivem, seja qual for. Muito menos Deus! Houve aliás vários líderes religiosos da própria comunidade islâmica, agredidos por terem pedido sensatez e perdão à injúria que foi feita pelo jornal dinamarquês.
O único ponto que quis frisar foi que, ao reagirem como reagiram, os fanáticos estão a justificar a imagem que se tem do Islão, reflectida nos malditos cartoons. De uma cultura/religião suicida, bombista, vingativa, e ressentida.
Não é a imagem que eu tenho. Mas receio pelos que nãp pensam como eu ou como tu, pelos que têm de recorrer a um sentimento tão descriminador como é a "tolerância".

Katharina disse...

E, infelismente, receias bem... Ainda hoje ao almoço falámos disso mesmo e foi curioso verificar que, mesmo estando todos de acordo em não imputar as culpas à religião, existia de facto um sentimento de discriminação intrínseco para com o islamismo!
Resultado de tomar a parte pelo todo...
Consequências de atitudes extremistas e não justificadas...
Típico de um tempo em que ainda vivemos de costas voltadas para o outro e para o amor.
Depende então de nós mudar! Se cada um fizer uma parte... ;)
Bjinho

Mipo disse...

"ao reagirem como reagiram, os fanáticos estão a justificar a imagem que se tem do Islão" - não posso estar mais de acordo. O problema é que "do lado de lá" acontece precisamente o mesmo. Que tipo de imagem terias tu do ocidente se vivesses ao lado do Iraque, atacado por uma super-potência com um Presidente que diz que só faz o que Deus lhe manda?... O problema destas coisas é que se tornam "bola de neve".

Dizes uma coisa com a qual, infelizmente, não concordo: "seria impensável um cristão reagir com vingança". Acredito que somos todos feitos do mesmo; todos muito básicos. É por isso que é tão importante estar sempre atento.

Neves dos Santos disse...

Já houve alturas em que não queimavamos embaixadas, queimavamos pessoas. É factual. Como também é factual que a Igreja evoluiu, a uma velocidade que nem sempre compreendemos. Se agrava o facto de andarem por aí líderes políticos a desculpar os seus actos de insanidade com o nome de Deus? Agrava! Claro que agrava. Mas reafirmo, hoje um cristão não agiria com vingança face à sátira, mesmo que pública. Mas também talvez (ou de certeza) não faria afrontas às outras religiões... Estamos de acordo!

p1ngger disse...

"Seria impensável um cristão reagir com vingança"

Muitos fanáticos cristãos ainda matam em nome da fé. E muitos islâmicos pregam a bondade em nome de Alá...