quarta-feira, janeiro 04, 2006

Ameaças à saúde... no hospital!

Deliciosa a notícia do Público sobre as ameaças "à vida e integridade física do administrador do Hospital de Santa Maria". Ora se não é o local mais inteligente para fazer ameaças à saúde de alguém! É um hospital português carambas! Os tipos que andam a tentar tramar a vida ao homem sabem perfeitamente que as probabilidades de sucesso são próximas dos 98%. As vantagens são inúmeras: com a velocidade a que sse diminuem as listas de espera, uma cirurgia iria demorar no mínimo 2 anos a ser agendada (sem contar com as consultas de pré-operatório); o administrador acabaria por esvair-se em sangue antes que lhe entregassem a tal vinheta azul, ou amarela ou lá o que é, para ter prioridade nas urgências; além de que, com as greves da função pública que tem havido por aí, com sorte não haveria médicos para o atender no dia em que se concretizasse o atentado. Quando a notícia diz que as ameaças se estendem à família do senhor, imagina-se o massacre... E que família? A mulher e os filhos? A avó que vive num quarto anexo, com uma portinhola por onde lhe passam a tigela com as papas de aveia? Os primos, tios, sobrinhos, afilhados, antigas namoradas? O ministro Correia de Campos, que alertou a comunicação social para este perigo, disse já que foram adoptadas medidas de segurança pessoal. Ficamos todos mais descansados, e fica o senhor administrador. Concerteza andará sempre acompanhado de senhoras auxiliares de saúde, com bigode de preferência, munidas de seringas usadas por toxicodependentes em tratamento de metadona. Nesta altura todos estão solidários com o administrador do Santa Maria. Excepto quando se revela que o responsável hospitalar se chama Adalberto! Pronto, está tudo dito! Não se trata de haver interesses ilícitos ou de o Santa Maria passar a entidade pública empresarial. Adalberto é que não pode ser!

1 comentário:

Anónimo disse...

Não poderia deixar de comentar e de impelir a minha humilde visão sobre um tema tão melindroso e preocupante, como acontece com as "ameaças fantasma". No caso, a ameaça feita ao senhor Adalberto é algo de intrigante e, digo mais, do Além (não querendo faltar ao respeito pelos demais). Afinal, qual a razão desta intimidação, de tamanho afoito e ousadia para com o Adalberto?! E, perdoem-me a ignorância ou falta de actualidade, Correia de Campos deixou a pasta de ministro para se dedicar à defesa do “pobres e oprimidos”?!
Será que não existem instâncias próprias onde o pessoal possa “bufar” os telefonemas ameaçadores, mesmo que sejam fruto do nosso imaginário?! Temo, muito seriamente, que estejamos a atravessar uma crise existencial, de troca de papeis ou funções. Diria mais, que estamos a atravessar uma crise de total ausência de atenção, afecto e carinho. Oh meus amigos, quem é que se dá ao trabalho de ameaçar um director hospitalar chamado Adalberto?! Hum.... eu cá não sou de intrigas, mas que aqui algo está desfocado, ai isso está. Cá para mim a graduação do Correia de Campos está ultrapassada. Não sou de adivinhações, mas a minha bola de cristal diz-me que o senhor ministro deturpou a leitura de um relatório enviado pelo Adalberto, insurgindo-se, erradamente, com a estória da ameaça. Provavelmente esta foi uma frustrada manobra para este ministério se esquivar, nem que por meras horas ou dias, à resolução de alguns, muitos, problemas que aquele hospital atravessa. Desde logo, a resolução das infindáveis listas de espera para cirurgia, a deficiente capacidade de resposta no tratamento de determinadas patologias, em especialidades tão prementes como é a psiquiatria, a falta de infra-estruturais dignas e capazes de responder às necessidades dos profissionais e dos utentes que àquele hospital ocorrem....
Coloco um ponto final nesta dissertação deslindando a ameaça do Adalberto que não é mais que a ameaça de todos nós!