segunda-feira, abril 10, 2006

"Tá gente...!"

Há uma dúvida que me assalta quando vou a uma casa de banho pública e preciso mesmo de ir àqueles compartimentos fechados. Se a porta está fechada, normalmente bato. Do outro lado respondem: "Tá gente!" O primeiro problema coloca-se aqui (além do facto de a necessidade agudizar)... Quando respondem que "está gente", será que pressupõe mais do que uma pessoa? Se sim, que raio estará um grupo - já que um grupo é correspondente a dois ou mais indivíduos - a fazer num espaço tão exíguo? Ainda se se tratasse de um WC de mulheres, já se sabe do costume de irem acompanhadas. Não, não é um comentário machista, trata-se da constatação de uma realidade, a tratar num futuro post.

E se não, se de facto se encontra apenas um tipo, só, por que diz que "está gente", em vez de "estou cá eu"? Quando se utiliza a primeira fórmula, seja quem for que está a ocupar o compartimento, fala como se estivesse cá fora a responder a si próprio... Ou melhor, nega a sua individualidade. Compreende-se que a posição de sentado na sanita não seja propriamente uma imagem que dignifique ninguém, mas não parece justo chegar a este extremo!

Há também os que tossem, como que se escusando a verbalizar qualquer palavra, evitando o risco de ser reconhecido mais tarde quando regressa à sala do restaurante, ou do bar, ou da discoteca. Deste lado: "toc toc". Do outro: "cof cof". É verdade que o acto de tossir contrai os músculos abdominais e pode ajudar, assim, a desempenhar - ou desempanar - melhor a função para se despachar mais depressa...

Depois há os que não dizem nada. "Está alguém?" Resposta: "..................". "Com licença?!" Resposta: "............." Depois de muito forçar a porta para perceber se ficou inexplicavelmente trancada, por dentro, lá ouvimos um punzito ou o desenrolar do papel higiénico e percebemos, de facto, que "está gente". Se bem que por vezes não se compreende como é que "gente" faz ruídos daqueles, mas enfim.

Por fim, os que, enquadrando-se em qualquer dos exemplos dados acima, teimam em não sair da retrete até perceberem que ninguém os vê, ninguém os ouve. Um verdadeiro acto de espionagem. Entram e saem sem que se dê conta do que lá foram fazer, um desprezível cocó!

Para breve prometo focar o tópico casas de banho públicas, na óptica da infra-estrutura pré e pós utilização, o que dará concerteza muito que escrever. Grato pela atenção e, se me dão licença, depois disto só posso puxar o autoclismo.

3 comentários:

Mipo disse...

:-) a não utilização do "estou cá eu!" vem do medo de alguém perguntar "eu quem?"!

Anónimo disse...

Não posso opinar sobre este artigo.

Sou demasiado importante para admitir que faço cócó.

Muito menos para sequer pôr a hipótese de dar um pum...

Ass: Moneyman

Morlock disse...

Isto é uma autêntica conversa de m#$&%!!!! Mas tens razão (alguma, não quero que fiques demasiado convencido), nós fazemos cada figura nesses locais...
Por outro lado, sujeitar tais experências a uma análise da condição surrealista da exisrência do eu... OK, Tá decidido, vamos beber um copo (ou vários) um dia destes? Acho que estamos os dois a precisar...