domingo, março 13, 2011

À rasca para aparecer



Como diria o Chato, "querem é aparecer, eles!" Esta geração, que agora deu em dizer que está à rasca, é igual àquela que há uns anos, em pleno dia, mostrava o ânus à ministra da Educação por causa das propinas da educação "superior", e à noite seguia para as tabernas gastar a mesada em cerveja e tinto.
Esta Geração à Rasca é a mesma que cita Che Guevara e o Steve Jobs na mesma frase, só porque o primeiro fica bem nas t-shirts e o segundo cria uns telemóveis e computadores muito giros. É a mesma que anda à rasca de novos "gadgets" i-qualquer-coisa ou qualquer-coisa-berry, que esfregou as mãos quando apareceu o Tratado de Bolonha para ter um canudo em apenas três aninhos e sem grande esforço. A geração que não leu um único livro de referência mas em compensação lambeu muita sebenta e muitos apontamentos cedidos nos corredores das faculdades. É a geração que não acredita no mérito, (em boa verdade porque o sistema não está construído com base nessa premissa) mas apenas no "direito a". É a geração que - a crer no que ouvi durante a tarde de sábado - não pretende servir Portugal nem acredita no país mas que quer servir-se dos recursos, dos êxitos, para a sua realização individual. No fundo, são como os políticos que querem derrubar.
Ah, mas há jovens excepcionais, mentes brilhantes com enorme capacidade, mal aproveitados. Pois há, mas esses não andavam no dia 12 de Março a descer a avenida da Liberdade. Ou se andavam, não se viram.  Aqueles que se viram não são jovens à rasca, são gente hippie-chic urbana da treta que vomita como exigência os slogans que ouviu da geração anterior: "direitos, liberdades e garantias". São miúdos criados como pequenos príncipes e princesas pela geração anterior, os novos baby-boomers de trazer-por-casa, que aos 30 têm coragem de dizer publicamente que vivem em casa dos pais - e os pais deixam - para poder ter um estilo de vida "igual ao da Europa".
É a Geração à Rasca do emprego de sonho ou de um padrinho que os ponha lá. Pois não deve haver um, apanhando-se com um daqueles criticáveis e obscenos ordenados que os media lançam para a fogueira, que olhasse para trás a lançar a mão para os seus semelhantes.
Não posso ser solidário reivindicações deste tipo, exibidas em cartazes PREC-ários mas devo perguntar o que andaram os 280 mil a fazer nas últimas eleições legislativas.

6 comentários:

JC Abreu dos Santos disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
JC Abreu dos Santos disse...

Eis um filho, que se não sente à rasca.
Quem sai aos seus...

Filipe Abreu disse...

Felizmente que há gente com a mesma idade que os da auto-apelidada "geração à rasca" que tem a cabeça no lugar, e faz diagnósticos muito correctos da situação.

PARABÉNS pela análise !!!

Anónimo disse...

Olá João,
Depois há a geração que em nada se identifica com a tua análise, que também marcou presença na manif da geração à rasca porque, efectivamente, se sente à rasca, mas que sempre lutou para ter o mínimo dos mínimos e em nada se identifica com o que escreves.
Basicamente, a geração que trabalhou para estudar e não ficou à espera que os paizinhos pagassem nem estudos... nem copos. A geração que não é assim tão high tech como pintas, nem sequer viveu ou, tão pouco, concorda com Bolonha (atenção que os meninos que mostraram o ânus estavam longe de sonhar com Bolonha). Também é uma geração que leu e lê livros de referência, mas infelizmente, não são esses livros que lhes garantem um contrato de trabalho ou, por outro lado, um subsídio de desemprego depois de ter dado anos e anos a uma casa. Até é a mesma geração que acredita no País e até quer servi-lo (caso contrário fazia como os outros e emigrava) desde que haja um mínimo de reconhecimento. Um reconhecimento que passa por marcar a independência total dos paizinhos, mas que não obrigue a sair de casa para andar a contar tostões ao fim do mês, só porque não está interessada em perder um mínimo de qualidade de vida. Tal como não está interessada em sair do colo dos pais, para continuar a ser “patrocinada” por eles numa vida “pseudo-independente”, só para (continuar a) manter o tal nível de vida europeu de que falas (da Europa evoluída, presumo).
Não precisam ser mentes brilhantes para faltar a uma manif ou se esconder por detrás dos que deram a cara nessa mesma manif. E é aqui que pecas porque tomas o todo por um. Por outro lado, é necessária coragem em mostrar que estão insatisfeitos mesmo quando cumprem com os seus deveres eleitorais.
E não, eu não quero aparecer mas sinto-me à rasca!
Beijinhos!

Unknown disse...

Nem sei porque aparece em anónimo, mas sou eu mesma, a lili.

Anónimo disse...

Amigo Neves dos Santos,
João, quem sai aos seus não degenera, e os touros são pegados pelos cornos, e um facto é certo, pouco me dou a politicas e pouco vi da manif. mas o que vi foi parecido com o 26 de Abril de 1974
Rui Santos